domingo, 6 de maio de 2012

Dia da Mãe

Eu lembro-me de acordar de manhã com a minha irma e saltarmos para cima da cama dos meus pais, acordando-os de um sono profundo de domingo para proferir aquelas típicas palavras que serão repetidas ao longo deste dia: "Feliz dia da Mãe".
E ela acordava bem-disposta, com um sorriso gigante de orelha a orelha, agradecendo com um abraço cheio de calor. Ficava feliz e nós também.

Eu e a minha irmã tivemos a sorte de a ter como mãe, ainda que por pouco tempo. A minha mãe era muito bonita e escrevia muito bem. Era babada por nós e era muito meiga connosco. A relação que tinha comigo era muito diferente da que tinha com a minha irmã. Eu era uma criança muito extrovertida, palhaça até. Só dizia disparates e fazia-a rir imenso. Dava-me um enorme prazer fazê-la rir porque, apesar de pequena, eu sabia que a sua vida não era fácil e que sofria bastante. Ouvir as suas gargalhadas era o ponto alto dos meus dias e gosto de acreditar que a ajudei a encarar a vida de uma forma mais positiva.
Com a minha irmã era diferente. Eram confidentes uma da outra. Eu percebia, a minha irmã já era mais velha, ambicionava crescer para também confidenciar com elas. Não tive tempo para isso e por muitas vezes senti-me triste, ressentindo a minha idade, ressentindo o tempo que me faltou que não me permitiu contar-lhe sobre o meu primeiro amor, a excitação no dia em que tirei a carta, o dia em que me inscrevi na faculdade, o dia em que fiz 18 anos, 20 anos... Mas nem isso me impediu para estabelecer essa ligação. Escrevi-lhe cartas a falar do meu primeiro amor, a desabafar os meus dramas de adolescente. Quando andei sozinha no carro pela primeira vez, foi o cd dela da Maria Bethânea o primeiro que ouvi. Portanto, de certa maneira, ela esteve sempre comigo e vai estar sempre. E por isso, desejo-lhe um bom dia da mãe, onde quer que esteja, esperando que ela saiba que foi a melhor mãe que alguma vez poderia ter desejado... Tanto para mim, como para a minha irmã.

4 comentários:

  1. Eu podia chorar, eu podia abraçar o teu sentimento, mas não sei, não o sinto. Sei que esteja onde estiver, vai continuar a ter o orgulho e amor de mãe babada. Nunca a conheci, vou conhecer um dia no sitio das pessoas fantásticas, onde tu me a vais apresentar. Até lá, há um pouco de ti dela, a pessoa mais amorosa que todos nós temos.

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  2. Estou emocionada. Estou sem palavras. Mas tens razão, há um bocadinho dela em mim e posto assim, agrada-me perceber que posso dá-la a conhecer às pessoas que mais me importam.
    Tu és certamente uma delas :)
    Beijinho*

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  3. Há mais dela em ti do que se vê à primeira vista.
    Adorei o post. É tão verdade. E tenho tanta pena que não tenhas podido pertencer mais ao núcleo "mais crescido", se bem que como te disse muitas vezes, essa partilha nem sempre era uma coisa boa...
    Mas foi bom tê-la, é bom ainda chamar por ela, mesmo sabendo que ela não vem, porque já cá está, no nosso coração, no nosso sangue...

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    1. É verdade. de alguma maneira ela consegue viver ainda em nós :)

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