quinta-feira, 31 de maio de 2012

Acreditei

Até pode ser injusto, descabido, inadequado. Mas existe. Não é normal as lágrimas caírem quando me disponho a fazer algo novo, descobrir o desconhecido e sair da concha. Mas elas caem. O medo assola-me. O medo tomou conta de mim impondo-se sempre quando algo novo e diferente quer tomar lugar. Primeiro o entusiasmo de estar a tomar o passo numa nova direcção. Depois apercebo-me que o que fiz é real. Medo. Desculpas para não o fazer. O aperceber-me disso. As lágrimas que representam a desistência. Eu a ficar mais uma vez para trás.
Eu sei que não o devia dizer. Mas viver como estou e onde estou está a retrair-me, a puxar-me para trás e a impedir-me de crescer e de acreditar. Preciso de estar sozinha para ver finalmente que sou capaz, que sou suficiente e não me esconder por detrás de teorias como "será que consegues? é muito dificil". Gostava de responsabilizar quem me repetiu e incutiu esta maneira de pensar, de que o difícil deve ser evitado. Porque as minhas capacidades não são tão boas como as da concorrência. Gostava de culpar quem, sem querer, me deu a entender que era quase impossível ser mais do que mediana. Gostava que, quando disse "quero ser excepcional", não me tivesse respondido "isso pode não acontecer". Gostava de o culpabilizar. Mas, no fundo, a culpa foi sempre minha. Porque acreditei.

domingo, 6 de maio de 2012

Dia da Mãe

Eu lembro-me de acordar de manhã com a minha irma e saltarmos para cima da cama dos meus pais, acordando-os de um sono profundo de domingo para proferir aquelas típicas palavras que serão repetidas ao longo deste dia: "Feliz dia da Mãe".
E ela acordava bem-disposta, com um sorriso gigante de orelha a orelha, agradecendo com um abraço cheio de calor. Ficava feliz e nós também.

Eu e a minha irmã tivemos a sorte de a ter como mãe, ainda que por pouco tempo. A minha mãe era muito bonita e escrevia muito bem. Era babada por nós e era muito meiga connosco. A relação que tinha comigo era muito diferente da que tinha com a minha irmã. Eu era uma criança muito extrovertida, palhaça até. Só dizia disparates e fazia-a rir imenso. Dava-me um enorme prazer fazê-la rir porque, apesar de pequena, eu sabia que a sua vida não era fácil e que sofria bastante. Ouvir as suas gargalhadas era o ponto alto dos meus dias e gosto de acreditar que a ajudei a encarar a vida de uma forma mais positiva.
Com a minha irmã era diferente. Eram confidentes uma da outra. Eu percebia, a minha irmã já era mais velha, ambicionava crescer para também confidenciar com elas. Não tive tempo para isso e por muitas vezes senti-me triste, ressentindo a minha idade, ressentindo o tempo que me faltou que não me permitiu contar-lhe sobre o meu primeiro amor, a excitação no dia em que tirei a carta, o dia em que me inscrevi na faculdade, o dia em que fiz 18 anos, 20 anos... Mas nem isso me impediu para estabelecer essa ligação. Escrevi-lhe cartas a falar do meu primeiro amor, a desabafar os meus dramas de adolescente. Quando andei sozinha no carro pela primeira vez, foi o cd dela da Maria Bethânea o primeiro que ouvi. Portanto, de certa maneira, ela esteve sempre comigo e vai estar sempre. E por isso, desejo-lhe um bom dia da mãe, onde quer que esteja, esperando que ela saiba que foi a melhor mãe que alguma vez poderia ter desejado... Tanto para mim, como para a minha irmã.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

É agora...

que vejo que a destruição que me envolve desde há muito, tenta abalar-me por todas as frentes. E mesmo assim, perco tempo a preocupar-me com quem me aponta o dedo por tudo e por nada. Às vezes não sei se sou ingénua ou se gosto de ser mártir.